Mudanças na NR-1: o que as empresas precisam saber (e fazer) até maio de 2025

“Quando falamos em gerenciar riscos operacionais, estamos falando de um processo contínuo. E, mais do que isso, de um trabalho multidisciplinar.”
Foi com essa frase que a Dra. Veridiana Moreira Police — sócia da área trabalhista do Finocchio e Ustra Sociedade de Advogados — deu início à sua palestra sobre as alterações na NR-1. A Norma Regulamentadora Nº 1 é a espinha dorsal das normas de Segurança e Saúde no Trabalho (SST) no Brasil. Ela define diretrizes e responsabilidades tanto para empregadores quanto para empregados.
E vem mudança grande por aí: as novas regras entram em vigor no dia 25 de maio de 2025, com impactos diretos para o setor de Recursos Humanos — de microempresas às gigantes do mercado.
A palestra foi parte da reunião do grupo de RH da AEVAL, realizada na sede da Eagle Burgmann. O evento contou com a participação de cerca de 50 associados e foi aberto pela presidente da entidade, Adriana Matteelli.
Durante sua apresentação, Veridiana reforçou um ponto importante: a NR-1 não é uma lei, mas tem força de lei. E a principal novidade trazida pela atualização é o gerenciamento dos riscos psicossociais — algo que, até então, nem aparecia na norma.
Na versão atual da NR-1, o foco está nos riscos físicos, químicos e biológicos. Mas agora, com a mudança, entra em cena um novo desafio: lidar com os fatores que afetam a saúde mental dos colaboradores.
Segundo Veridiana, essa atualização é uma resposta direta ao aumento dos afastamentos por problemas psicológicos, como ansiedade, depressão e, principalmente, a Síndrome de Burnout — reconhecida como doença ocupacional pela OMS desde 2022.
“Estamos vivendo uma crise global de saúde mental”, alertou a advogada. “Só em 2024, o Brasil registrou 472 mil afastamentos por doenças mentais. E, no mundo todo, 12 bilhões de dias úteis foram perdidos por causa de depressão e ansiedade.”
O recado é claro: as empresas precisam agir — e rápido.
O ponto de partida, segundo ela, é treinar lideranças para identificar e gerenciar os riscos psicossociais dentro da organização. E isso passa, antes de tudo, por ouvir os colaboradores.
“É escutando os trabalhadores que conseguimos mapear os riscos reais, com base em metodologias e validações científicas”, explicou.
A origem do burnout pode estar em fatores cotidianos que, muitas vezes, passam despercebidos: ritmo de trabalho acelerado, metas inalcançáveis, exigências excessivas, normas de produção rígidas ou até a ausência de treinamentos adequados.
No fim da palestra, a fala de Érica Pinheiro, do setor de relacionamento com o mercado da Sabin Diagnóstico e Saúde, resumiu bem o impacto da discussão:
“Já participei de outras palestras sobre a NR-1, mas essa foi diferente. Foi prática, direta e abordou os riscos que muitas empresas ainda não estão prontas para identificar — mas que precisarão encarar.”
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