Projeto para retirar moradores das ruas completa um mês com resultados positivos

Domingo tem feijoada no centro Pastoral em prol desta causa

 Há um mês, por iniciativa da Paróquia de São Sebastião através do  Padre Dalmirio Djalma do Amaral, foi implantado o “Projeto Moradores de Rua”, com apoio da Prefeitura, através do Fundo Social de Solidariedade, Secretaria de Assistência Social e Habitação e Secretaria de Educação e também a adesão da Missão Belém.

A antiga escola do bairro Joapiranga que estava desativada serviu de sede e para lá foram levados inicialmente oito pessoas, hoje são 19, 18 homens e apenas uma mulher porque ela vive com mais dois irmãos que cuidam dela.

A idéia do padre Dalmirio que começou no ano passado foi de tirar as pessoas da rua, especialmente no período de inverno, de junho a setembro, oferecendo a eles abrigo e um café, mas o projeto cresceu e eles acabaram se alojando no Centro Pastoral onde recebiam café, almoço e janta e também podiam tomar banho.

“O local não era apropriado porque o Centro Pastoral concentra várias atividades da igreja, então junto com a Prefeitura e as Secretarias que nos apóiam decidimos levá-los para o Joapiranga. Conseguimos colchões, cobertores e a infra estrutura para acolher essas pessoas. Para gerenciar o Projeto e permanecer na casa, tem o Marco da Missão Belém da cidade de Jarinu, que está ajudando porque ele também foi morador de rua e conhece bem o problema”, destaca Padre Dalmirio

“Sabemos que o principal problema dessas pessoas em situação de rua é o álcool e a droga, mas independente disso é preciso acolhê-los. Nesse primeiro mês já tivemos algumas surpresas positivas. Na semana passada recebemos o Chefe de Cozinha Gáston Almada, um argentino que vive em Belo Horizonte e sabendo do trabalho veio até Valinhos e ministrou um curso básico para fabricação de pães. Isso manifestou um desejo em alguns dos moradores e na segunda-feira, 17, três dos moradores da casa vieram até o Centro Pastoral, para fazer pudim de pão com uma sobra de pães. Vamos fazer biscoitinhos de natal e vamos vender para que tenhamos uma receita para o trabalho de atendimento a essas pessoas, eles também vão produzir os pães para consumo na semana”.

E padre Dalmirio lembra que ganhou ingredientes para fazer uma feijoada para 150 pessoas e isso vai acontecer no domingo dia 23, no Centro Pastoral a R$30,00 o convite. Pode comer no local ou levar pra casa. Os convites estão à venda na Secretaria da Paróquia.

História de vida

Na segunda feira, 17, Padre Dalmirio reuniu o Gildo Roberto Ferreira (40), Cleiton Henrique da Silva (26) e Evandro das Silva (34) para fazer o pudim de pão.

Gildo fala com tristeza nos olhos, o caminho que escolheu envolvido com a droga. “Perdi tudo, a rua passou a ser a minha casa. É muito difícil, você perde auto-estima, a dignidade, vira um ninguém. Essa oportunidade que o padre está nos oferecendo é uma benção, eu quero mudar”.

Cleiton Henrique da Silva de apenas 26 anos disse que chegou até a 5ª série, quer voltar a estudar e um dia ser um professor de educação física. “A minha história não é diferente do Gildo também perdi tudo para a droga e seu voltar para  a rua, logo vem o vendedor de drogas perguntando como você está e até oferece droga de graça. Não quero mais viver na situação em que eu estava agora, com esta oportunidade, estou limpo há quase um mês e vou continuar assim, quero estudar e mudar a minha vida”.

Outro morador de rua que agora está no “Projeto Moradores de Rua” é o Evandro da Silva, 34 anos, boa aparência, muito desinibido e consciente da situação. Lembrou das filhas, uma com 15 e outra com 13 do seu primeiro casamento, falou da sua segunda união, da esposa forte que incentivava e o colocava para cima, mas que também não agüentou as suas recaídas com a droga e o relacionamento acabou.

Evandro falou dos pais que moram no Parque das Figueiras, disse que eles também não agüentaram o sofrimento. “Eu cheguei a pegar objetos da casa deles e vender, chegava bêbado, drogado, tarde da noite, eles não resistiram e me puseram pra fora. Não os culpo por isso, acho que eles tinham toda razão, fui pra rua e pude enxergar o lado mais dolorido da vida”.

Evandro teve bons empregos, estava no primeiro semestre de engenharia mecânica e por conta da droga e daquele prazer momentâneo deixou tudo para trás, mas agora quer recomeçar. “O Padre Dalmirio tem sido uma benção, o que ele está fazendo por nós nunca vamos poder pagar ou retribuir” lembra Evandro.

Padre Dalmirio quer ajudá-los a se inserir na sociedade, readquirir a autoconfiança, também que o Projeto seja auto-sustentável. “Quero ocupar o tempo com artesanato, padaria, quero comprar uma impressora 3D onde vão aprender um pouco da tecnologia e produzir peças que poderão ser vendidas”

“Quem quiser ajudar, pode entrar na página da Paróquia de São Sebastião ou na página do Padre Dalmirio no facebook, ou ligar para 3871-8882 e dizer qual a sua ajuda, neste momento precisamos de voluntários para oferecer técnicas de artesanato, na cozinha da casa e outros serviços. Venha conhecer o Projeto, a casa fica na antiga escola, na Alameda Itatinga no bairro Joapiranga ao lado do Centro Comunitário do bairro”, conclui o sacerdote.

 

1 – O Pastor Anips Spina da Igreja do Nazareno foi conhecer o trabalho realizado pelo Padre Dalmirio Amaral da Paróquia de São Sebastião

2- Evandro da Silva, Gildo Roberto Ferreira e Cleiton Henrique da Silva

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